quarta-feira, 17 de julho de 2024

ANA MARIA OLIVEIRA

O testamento de Ana Maria de Oliveira, datado de 22 de agosto de 1800, é um documento que oferece uma visão rica da vida e dos costumes da época em que foi redigido, na freguesia de Pitangui, no bispado de Mariana, Minas Gerais. Pitangui foi uma das primeiras vilas do estado de Minas Gerais, com um papel importante durante o período colonial brasileiro, especialmente no contexto da mineração de ouro.

Ana Maria de Oliveira, filha legítima de Antônio José Maya e de Ana Maria de Oliveira, ambos já falecidos, era natural da freguesia de Pitangui e residente no sítio Capão, termo de Vila de Pitangui. Casada com Theodósio Soares Louzada, ela teve onze filhos, sendo eles: Ana (casada com Antônio Jose de Magalhães), Angélica (casada com José Antônio da Silva), Maria (casada com Luiz Severino de Carvalho), Theodósio, Pedro, Domingos, Antônio, Luiz, Tomás, João e José.

No testamento, Ana Maria de Oliveira nomeia quatro de seus filhos como testamenteiros: Theodósio Soares de Oliveira, Domingos Francisco Soares, Tomás de Aquino Soares e Antônio Francisco Soares, concedendo-lhes amplos poderes para administrar seus bens e estipulando prazos para prestação de contas, com uma recompensa de dez mil réis pelo trabalho.

Após o pagamento de suas dívidas e legados, Ana Maria deixa doze mil réis para suas netas Angélica (filha de José Antônio da Silva e Angélica Maria do Espírito Santo) e Maria (filha de Antônio José de Magalhães e Ana Vieira). Ela expressa o desejo de ser sepultada na Capela de Nossa Senhora Santa Ana no Arraial da Onça, ou na capela ou igreja mais próxima, caso falecesse em outro lugar. Seu corpo deveria ser envolto no hábito de Nossa Senhora do Monte do Carmo, acompanhado pelo reverendo pároco ou capelão, com missa de corpo presente e esmola de uma oitava de ouro.

Ana Maria também solicita que sejam ditas sessenta missas na cidade do Rio de Janeiro, sendo cinquenta por sua alma e dez pelas almas de seus pais. Ela declara ainda uma doação ao Bispo de Mariana de doze oitavas de ouro para distribuição, mencionando uma restituição que devia sem saber a quem. 

O testamento foi aprovado por José da Silva Cruz, tabelião, na fazenda da Restinga, com testemunhas presentes para validar o documento. A abertura oficial do testamento ocorreu em 15 de setembro de 1800, na presença de autoridades locais.

Este testamento é um reflexo da organização familiar e social da época, destacando a importância da religião e das práticas católicas no Brasil colonial. Os detalhes fornecidos sobre herdeiros, disposições patrimoniais e práticas funerárias oferecem uma janela para a vida cotidiana e valores da sociedade mineira do século XIX.

O documento revela aspectos da administração de bens e responsabilidades atribuídas aos herdeiros, demonstrando um sistema complexo de gestão e transmissão de patrimônio. A nomeação de múltiplos testamenteiros e a provisão de incentivos para a execução fiel das vontades da testadora são indicativos de um cuidado meticuloso com a continuidade e proteção dos interesses familiares.

Em conclusão, o testamento de Ana Maria de Oliveira é um valioso registro histórico que proporciona insights sobre a cultura, religião e estrutura familiar da sociedade brasileira colonial. A análise expandida deste documento nos permite apreciar a riqueza de detalhes e a importância das tradições na vida dos indivíduos da época, bem como as complexidades envolvidas na gestão e distribuição de bens e responsabilidades após a morte.

Nestas Minas do Sertão de Pitangui

 

Testamento disponível em Resgate da História 
Referências:

Realização, arte e roteiro: Historiador Charles Aquino

Pesquisa e Paleografia: Áureo Nogueira da Silveira e Dr. Alan Penido

Acervo: IHP – Instituto Histórico de Pitangui, Minas Gerais 


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