O testamento do
Padre Belchior Pinheiro de Oliveira, registrado em Pitangui no dia 14 de junho
de 1856, é um documento de grande importância histórica que revela tanto
aspectos pessoais quanto sociais do testador e de sua época. Preservado no
acervo do Instituto Histórico de Pitangui (IHP) em Minas Gerais, este
testamento é um registro valioso, que oferece percepções profundas sobre a
vida, as relações e as condições sociais do século XIX na região.
Este documento
não apenas lança luz sobre os desejos e legados pessoais do Padre Belchior, mas
também proporciona uma visão detalhada das normas sociais, econômicas e
culturais de sua época. Através dele, podemos entender melhor a estrutura da
sociedade pitanguiense, incluindo aspectos como a distribuição de propriedades,
o papel da igreja e as dinâmicas familiares e comunitárias.
O testamento é autenticado por Manoel
Guilherme da Silva Capanema, Tabelião público do Judicial e notas. Redigido em
4 de outubro de 1853, o testamento foi elaborado três anos antes do falecimento
de Belchior, ocorrido em 12 de junho de 1856. O registro data de 21 de agosto
de 1856, oferecendo legitimidade e formalidade ao documento. O período entre a
redação e a execução do testamento mostra a preocupação do testador com seu
legado e a preparação para a morte iminente.
Herdeiros
Júlia Angélica de Oliveira: Reconhecida como
filha, recebe duas terças partes dos bens.
Miguel Rodrigues Braga: Compadre e amigo do
testador, recebe uma terça parte dos bens. O reconhecimento da amizade e
cuidado oferecido por Miguel e sua esposa, Dona Angélica Maria da Silva, é
explícito.
Desejos Fúnebres
O testador
expressa seu desejo por um enterro sem pompas, mas com decência, conforme os
costumes locais. Miguel Rodrigues Braga é encarregado de cuidar dos sufrágios
pela alma do testador, com a instrução específica de repartir mil réis com os
pobres da freguesia no dia ou no dia seguinte ao enterro.
A preocupação com os sufrágios e a repartição de bens com os pobres reflete a religiosidade e a preocupação com a salvação da alma, comuns no contexto católico do século XIX. A simplicidade desejada para o funeral indica uma postura de humildade e adequação aos costumes locais.
Testamenteiros
Cada
testamenteiro é indicado para garantir a execução fiel das disposições
testamentárias, recebendo cem mil réis por seus serviços.
Primeiro Testamenteiro: Miguel Rodrigues
Braga, com quatro anos para prestar contas.
Segundo Testamenteiro: Antônio da Silva
Cardoso.
Terceiro
Testamenteiro: Manoel Bahia da Rocha Júnior.
As disposições
testamentárias revelam fortes laços familiares e de amizade. O reconhecimento
de Júlia Angélica como filha, demonstra uma estrutura familiar ampliada e
baseada em afeto e cuidado. A inclusão de compadres e amigos próximos como
herdeiros e testamenteiros reflete a importância das relações sociais e
comunitárias na época.
O testamento busca assegurar que o legado de
Belchior seja preservado de acordo com suas vontades, demonstrando cuidado com
a memória e o impacto de sua vida na comunidade. O documento é meticulosamente
registrado e autenticado, seguindo as formalidades legais da época. A precisão
na datação e na assinatura do tabelião confere validade jurídica ao testamento.
O testamento do
Padre Belchior Pinheiro de Oliveira é um rico documento histórico que oferece esclarecimento
sobre as relações familiares, sociais e culturais do século XIX em Pitangui.
Através das disposições testamentárias, é possível perceber a importância dos
laços de amizade, a religiosidade e a preocupação com a comunidade. A
formalidade e a precisão do documento refletem a seriedade com que tais
questões eram tratadas na época, garantindo que os desejos do testador fossem
respeitados e cumpridos.
Pertencente ao
acervo do Instituto Histórico de Pitangui (IHP) em Minas Gerais, este
testamento é um registro valioso que está sob a proteção e cuidados da
entidade. O IHP desempenha um papel fundamental na preservação da memória
histórica da região, garantindo que documentos como este estejam acessíveis
para pesquisa e estudo. Sob a guarda do Instituto Histórico de Pitangui, este
documento continua a ser um recurso essencial para o entendimento da história
local e das dinâmicas sociais da época. O cuidado com este testamento reflete o
compromisso do IHP em salvaguardar a memória histórica, permitindo que futuras
gerações possam estudar e compreender melhor o passado de Minas Gerais.
Referências:
Realização, arte
e roteiro: Historiador Charles Aquino
Acervo: IHP –
Instituto Histórico de Pitangui, Minas Gerais.
Transcrição da
certidão do testamento do Padre Belchior Pinheiro de Oliveira:
Sílvia Buttros e Regina Moraes Junqueira da Revista da ASBRAP/2022 nº29.
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