quinta-feira, 25 de julho de 2024

PADRE BELCHIOR

O testamento do Padre Belchior Pinheiro de Oliveira, registrado em Pitangui no dia 14 de junho de 1856, é um documento de grande importância histórica que revela tanto aspectos pessoais quanto sociais do testador e de sua época. Preservado no acervo do Instituto Histórico de Pitangui (IHP) em Minas Gerais, este testamento é um registro valioso, que oferece percepções profundas sobre a vida, as relações e as condições sociais do século XIX na região.

Este documento não apenas lança luz sobre os desejos e legados pessoais do Padre Belchior, mas também proporciona uma visão detalhada das normas sociais, econômicas e culturais de sua época. Através dele, podemos entender melhor a estrutura da sociedade pitanguiense, incluindo aspectos como a distribuição de propriedades, o papel da igreja e as dinâmicas familiares e comunitárias.

 O testamento é autenticado por Manoel Guilherme da Silva Capanema, Tabelião público do Judicial e notas. Redigido em 4 de outubro de 1853, o testamento foi elaborado três anos antes do falecimento de Belchior, ocorrido em 12 de junho de 1856. O registro data de 21 de agosto de 1856, oferecendo legitimidade e formalidade ao documento. O período entre a redação e a execução do testamento mostra a preocupação do testador com seu legado e a preparação para a morte iminente.

Herdeiros

Júlia Angélica de Oliveira: Reconhecida como filha, recebe duas terças partes dos bens.

Miguel Rodrigues Braga: Compadre e amigo do testador, recebe uma terça parte dos bens. O reconhecimento da amizade e cuidado oferecido por Miguel e sua esposa, Dona Angélica Maria da Silva, é explícito.

Desejos Fúnebres

O testador expressa seu desejo por um enterro sem pompas, mas com decência, conforme os costumes locais. Miguel Rodrigues Braga é encarregado de cuidar dos sufrágios pela alma do testador, com a instrução específica de repartir mil réis com os pobres da freguesia no dia ou no dia seguinte ao enterro.

A preocupação com os sufrágios e a repartição de bens com os pobres reflete a religiosidade e a preocupação com a salvação da alma, comuns no contexto católico do século XIX.  A simplicidade desejada para o funeral indica uma postura de humildade e adequação aos costumes locais. 

Testamenteiros

Cada testamenteiro é indicado para garantir a execução fiel das disposições testamentárias, recebendo cem mil réis por seus serviços.

 Primeiro Testamenteiro: Miguel Rodrigues Braga, com quatro anos para prestar contas.

 Segundo Testamenteiro: Antônio da Silva Cardoso.

Terceiro Testamenteiro: Manoel Bahia da Rocha Júnior.

As disposições testamentárias revelam fortes laços familiares e de amizade. O reconhecimento de Júlia Angélica como filha, demonstra uma estrutura familiar ampliada e baseada em afeto e cuidado. A inclusão de compadres e amigos próximos como herdeiros e testamenteiros reflete a importância das relações sociais e comunitárias na época.

 O testamento busca assegurar que o legado de Belchior seja preservado de acordo com suas vontades, demonstrando cuidado com a memória e o impacto de sua vida na comunidade. O documento é meticulosamente registrado e autenticado, seguindo as formalidades legais da época. A precisão na datação e na assinatura do tabelião confere validade jurídica ao testamento.

O testamento do Padre Belchior Pinheiro de Oliveira é um rico documento histórico que oferece esclarecimento sobre as relações familiares, sociais e culturais do século XIX em Pitangui. Através das disposições testamentárias, é possível perceber a importância dos laços de amizade, a religiosidade e a preocupação com a comunidade. A formalidade e a precisão do documento refletem a seriedade com que tais questões eram tratadas na época, garantindo que os desejos do testador fossem respeitados e cumpridos.

Pertencente ao acervo do Instituto Histórico de Pitangui (IHP) em Minas Gerais, este testamento é um registro valioso que está sob a proteção e cuidados da entidade. O IHP desempenha um papel fundamental na preservação da memória histórica da região, garantindo que documentos como este estejam acessíveis para pesquisa e estudo. Sob a guarda do Instituto Histórico de Pitangui, este documento continua a ser um recurso essencial para o entendimento da história local e das dinâmicas sociais da época. O cuidado com este testamento reflete o compromisso do IHP em salvaguardar a memória histórica, permitindo que futuras gerações possam estudar e compreender melhor o passado de Minas Gerais.

 Narrada em áudio! Imperdível!

 

Referências:

Realização, arte e roteiro: Historiador Charles Aquino

Acervo: IHP – Instituto Histórico de Pitangui, Minas Gerais.

Transcrição da certidão do testamento do Padre Belchior Pinheiro de Oliveira:

Sílvia Buttros e Regina Moraes Junqueira da Revista da ASBRAP/2022 nº29.

 

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