Testamento redigido
no Arraial da Abadia, Minas Gerais, em 12 de outubro de 1836, por José Ribeiro
de Camargos. José inicia o documento afirmando sua fé na Santíssima Trindade e
seu desejo de morrer como bom católico. Ele expressa estar em pleno uso de suas
faculdades mentais ao redigir sua última vontade, garantindo que suas
disposições estejam de acordo com as leis do Império.
José Ribeiro de
Camargos se identifica como cidadão brasileiro, nascido no Arraial de São
Gonçalo do Pará, pertencente ao Termo da Vila de Pitangui, na Província de
Minas. Ele é filho legítimo de Antônio Ribeiro de Camargos, já falecido, e de
Francisca de Sousa Fonseca, ainda viva na época.
José deseja ser
sepultado na Capela de Nossa Senhora da Abadia, acompanhado pelos padres
disponíveis. Ele ordena que sejam celebradas oito missas por sua alma, cada uma
com uma esmola de seiscentos réis. Ele também deixa três mil réis para cada uma
das sobrinhas do falecido Felisberto Vieira.
José foi casado
duas vezes. Do primeiro matrimônio com Anna Francisca, teve duas filhas:
Claudina e Anna. Do segundo matrimônio com Genovefa Maria, filha do Alferes
Vicente Rodrigues Caldas, teve mais uma filha. Além disso, José reconhece um
filho natural, Francisco, com Rita Maria da Cruz, e o inclui como herdeiro.
José concede
alforria à sua escrava Anna, casada com Manoel cabra, por seus bons serviços,
utilizando para isso a parte de sua terça. Ele reconhece dívidas a Manoel, ao
dizimeiro e algumas promessas registradas. Ele menciona um débito de quatro mil
réis à sua mãe pela compra de um negro, Pai Manoel.
José nomeia como seu primeiro testamenteiro seu genro João Rodrigues de Souza, seguido pelo Sargento José Luís da Silva e o Alferes Bento Zacharias Ferreira, deixando cinquenta mil réis pelo trabalho. Ele também deixa vinte mil réis a Manoel cabra por seus bons serviços. José revoga qualquer testamento anterior, reforçando que as barganhas feitas em nome das filhas Claudina e Anna, envolvendo crioulas e criolinhos, não têm mais validade.
O testamento de
José Ribeiro de Camargos é um documento detalhado que reflete suas preocupações
religiosas, familiares e sociais, garantindo que seus bens sejam distribuídos
conforme sua vontade e de acordo com as leis vigentes. A inclusão de herdeiros
naturais e a concessão de alforrias demonstram um certo avanço em relação às
práticas comuns da época. Este documento é também uma rica fonte para o estudo
histórico e genealógico da região, oferecendo compreensão sobre as relações
familiares, a estrutura social e a economia local durante o período imperial no
Brasil.
Nestas Minas do Sertão de Pitangui
Testamento disponível em Resgate da História
Referências:
Realização, arte
e roteiro: Historiador Charles Aquino
Pesquisa e
Paleografia: Dr. Alan Penido
Acervo: IHP –
Instituto Histórico de Pitangui, Minas Gerais
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