terça-feira, 16 de julho de 2024

JOSÉ CAMARGOS

Testamento redigido no Arraial da Abadia, Minas Gerais, em 12 de outubro de 1836, por José Ribeiro de Camargos. José inicia o documento afirmando sua fé na Santíssima Trindade e seu desejo de morrer como bom católico. Ele expressa estar em pleno uso de suas faculdades mentais ao redigir sua última vontade, garantindo que suas disposições estejam de acordo com as leis do Império.

José Ribeiro de Camargos se identifica como cidadão brasileiro, nascido no Arraial de São Gonçalo do Pará, pertencente ao Termo da Vila de Pitangui, na Província de Minas. Ele é filho legítimo de Antônio Ribeiro de Camargos, já falecido, e de Francisca de Sousa Fonseca, ainda viva na época.

José deseja ser sepultado na Capela de Nossa Senhora da Abadia, acompanhado pelos padres disponíveis. Ele ordena que sejam celebradas oito missas por sua alma, cada uma com uma esmola de seiscentos réis. Ele também deixa três mil réis para cada uma das sobrinhas do falecido Felisberto Vieira.

José foi casado duas vezes. Do primeiro matrimônio com Anna Francisca, teve duas filhas: Claudina e Anna. Do segundo matrimônio com Genovefa Maria, filha do Alferes Vicente Rodrigues Caldas, teve mais uma filha. Além disso, José reconhece um filho natural, Francisco, com Rita Maria da Cruz, e o inclui como herdeiro.

José concede alforria à sua escrava Anna, casada com Manoel cabra, por seus bons serviços, utilizando para isso a parte de sua terça. Ele reconhece dívidas a Manoel, ao dizimeiro e algumas promessas registradas. Ele menciona um débito de quatro mil réis à sua mãe pela compra de um negro, Pai Manoel.

José nomeia como seu primeiro testamenteiro seu genro João Rodrigues de Souza, seguido pelo Sargento José Luís da Silva e o Alferes Bento Zacharias Ferreira, deixando cinquenta mil réis pelo trabalho. Ele também deixa vinte mil réis a Manoel cabra por seus bons serviços. José revoga qualquer testamento anterior, reforçando que as barganhas feitas em nome das filhas Claudina e Anna, envolvendo crioulas e criolinhos, não têm mais validade. 

O testamento de José Ribeiro de Camargos é um documento detalhado que reflete suas preocupações religiosas, familiares e sociais, garantindo que seus bens sejam distribuídos conforme sua vontade e de acordo com as leis vigentes. A inclusão de herdeiros naturais e a concessão de alforrias demonstram um certo avanço em relação às práticas comuns da época. Este documento é também uma rica fonte para o estudo histórico e genealógico da região, oferecendo compreensão sobre as relações familiares, a estrutura social e a economia local durante o período imperial no Brasil.

Nestas Minas do Sertão de Pitangui

Testamento disponível em Resgate da História 

Referências:

Realização, arte e roteiro: Historiador Charles Aquino

Pesquisa e Paleografia: Dr. Alan Penido

Acervo: IHP – Instituto Histórico de Pitangui, Minas Gerais

 

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