segunda-feira, 15 de julho de 2024

ANTÔNIO PORTILHO

O testamento de Antônio Magalhães Portilho, redigido e datado de 1º de outubro de 1792 e aberto em 16 de janeiro de 1793 em Pitangui, é um documento histórico que oferece um vislumbre das práticas e valores de sua época. Nele, Antônio expressa seus últimos desejos, preocupações religiosas e disposições patrimoniais.

Antônio se declara doente, mas goza de boa saúde, e estabelece claramente a estrutura de sua herança e as responsabilidades a serem cumpridas por seus executores:

1º Origem e Filiação: Antônio Magalhães Portilho declara ser natural da Freguesia de São Clemente de Basto, no Arcebispado de Braga. Filho de Bento Portilho de Magalhães, da casa da Torre, e Josepha de Magalhães, ambos falecidos.

2º Estado Civil e Descendência: Antônio é casado com Dona Marciana Maria de Jesus. Do matrimônio, teve doze filhos: Maria, Antônia, Antônio, Manoel, Bento, Anna, Francisco, Rosa, Maria, Merlina, João e José. Ele institui todos os filhos como seus herdeiros universais, especificando que não tem outros herdeiros nem filhos naturais.

3º Testamenteiros e Administração: Primeira testamenteira: Dona Marciana Maria de Jesus, sua esposa; Segundo testamenteiro: seu sobrinho, Alferes Manoel Antônio de Magalhães, morador no Arraial de Santa Barbara; Terceiro testamenteiro: Alferes Manoel Matheus de Sousa Soares; Os testamenteiros são responsáveis pela administração geral da terça parte de seus bens.

4º Instruções Funerárias: Antônio deseja ser amortalhado no hábito de Nossa Senhora do Carmo, ou na falta deste, no hábito de Santo Antônio; seu corpo será sepultado na Capela de Santo Antônio de São João Acima, ou onde os testamenteiros determinarem; Missa de corpo presente será rezada com esmola de uma oitava de ouro e um ofício de corpo presente; Missas e Esmolas: Vinte e cinco missas pelas almas do Purgatório; Vinte e cinco missas pelas almas dos escravos falecidos; Vinte missas pelas almas dos pais falecidos; Cento e cinquenta missas pela própria alma de Antônio; Clero será pago para rezar oitavário de missas.

5º Legados Específicos: Lourenço Antunes Nogueira recebe vinte oitavas de ouro; Manoel, afilhado de Antônio, filho de Catarina e João de Brito, recebe dez oitavas de ouro; Dotação para a filha Maria Josepha: um negro (Domingos), uma cabra (Custódia), uma mulatinha (Senhorinha), e trinta oitavas de ouro; Dotação para a filha Antônia: uma crioula (Paula), um moleque (Ventura), oitenta oitavas de ouro para enxoval, além de 429.037 réis deduzidos de uma venda.

6º Prêmio ao Testamenteiro: O testamenteiro que aceitar o encargo receberá 200.000 réis pelo trabalho, além de mais tempo, se necessário, para concluir suas obrigações.

Antônio não apenas se preocupou com a distribuição de seus bens materiais, mas também com a salvação espiritual, dedicando recursos significativos para missas que visavam garantir seu descanso eterno e a remissão dos pecados de seus entes queridos. Essa ênfase na espiritualidade e nas práticas religiosas sublinha a profunda ligação entre fé, vida e morte no contexto histórico do testamento.

A preocupação com as disposições funerárias e a quantidade de missas dedicadas às almas no Purgatório e aos falecidos evidenciam o profundo temor e respeito que os testamenteiros tinham pela salvação de suas almas. A prática de assegurar missas e esmolas para garantir a redenção após a morte era comum e reflete o contexto religioso e cultural da época, onde a preparação para a vida após a morte era considerada de extrema importância.

O testamento de Antônio Magalhães Portilho revela muito sobre as práticas sociais e econômicas do final do século XVIII. A distribuição de bens, a importância dada às práticas religiosas, e o cuidado com o futuro da família e dos servos falecidos são aspectos marcantes. Além disso, destaca a formalidade e a seriedade com que os testamentos eram tratados, refletindo a importância da preservação do patrimônio e da memória familiar.

 Nestas Minas do Sertão de Pitangui

Testamento disponível em Resgate da História 

Referências:

Realização, arte e roteiro: Historiador Charles Aquino

Pesquisa e Paleografia: Áureo Nogueira da Silveira e Dr. Alan Penido

Acervo: IHP – Instituto Histórico de Pitangui, Minas Gerais 

 

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